Quarto Passo

Fizemos, sem medo, um minucioso inventário moral de nós mesmas.

No Primeiro Passo admitimos a falência dos nossos relacionamentos. No Segundo pedimos a um Poder Superior que nos ajudasse a entrar em recuperação. E no Terceiro entregámos o controle da nossa vida a esse Poder Superior.

Agora no Quarto Passo, vamos analisar a nossa vida e reconhecer, através de um minucioso inventário, quais foram os impulsos doentios que nos levaram a agir de forma insana e destrutiva nos nossos relacionamentos.

Ao olharmos para o nosso passado, vimos que as nossas relações foram sempre movidas pelos nossos impulsos dependentes. Quando pensávamos "Porque me relaciono sempre com este tipo de pessoa?” achávamos que éramos vítimas das situações em que nos encontrávamos, que não tínhamos sorte e que a vida estava contra nós.

Através de uma investigação minuciosa compreendemos o que nos levava a essas escolhas e que, na realidade, sentíamos necessidade desses relacionamentos doentios para podermos praticar aquilo que nos era familiar. Nos nossos relacionamentos repetimos as mesmas acções que tínhamos no passado, na tentativa de resgatar o amor que não nos foi dado no passado.

Por termos recebido muito pouco na infância, desenvolvemos falta de auto-estima, e acreditámos que não merecíamos ser felizes. À primeira vista podes achar que tiveste uma infância perfeita e que não houve nada de errado na tua vida, que recebeste "tudo". Esta análise à nossa vida é apenas uma forma de reconhecermos como criámos os nossos padrões de relacionamento, pois hoje temos total responsabilidade sobre a nossa vida e cabe-nos apenas a nós a responsabilidade de alcançar a felicidade.

É importante reconhecer todos os padrões da nossa forma doentia de nos relacionarmos. Isso é fundamental para que nos possamos libertar destes comportamentos.

Vejamos alguns exemplos: se vieste de um lar onde o alcoolismo estava presente, é provável que tenhas atracção por parceiros com problemas com o álcool, e que hoje tentes “ajudar” o teu parceiro da mesma forma que a tua mãe fazia com o teu pai. Ou talvez tenhas necessidade de te relacionar com homens que não se conseguem comprometer emocionalmente ou até que precisem de manter vários relacionamentos. Ou a tua doença faz com que te relaciones com pessoas irresponsáveis e que te responsabilizes pela maior parte dos problemas, até dos financeiros.

Qualquer que seja o teu padrão é importante que identifiques a forma como te relacionas e o que te leva a agir assim. O Quarto Passo dá-nos a oportunidade de reflectir e compreender o processo que nos levou a agir destas maneiras.

Tens de escrever bastante. Vais precisar de tempo e energia para executar este trabalho. Podes não te sentir à vontade a escrever. Não faz mal. Mas esta é a melhor técnica para fazer este exercício. Não te preocupe em escrever correctamente. Basta que o que foi escrito faça sentido para ti. Mas terás que ser absolutamente honesta e auto-reveladora em tudo o que escreveres.

Enfrentar minuciosamente as nossas falhas de carácter pode levar-nos a sentimentos de culpa, autopiedade ou a revelar mágoas profundas. A nossa doença impediu o desenvolvimento da nossa auto-estima. Portanto, por mais doloroso que seja o que possamos descobrir a nosso respeito, lembra-te que esses comportamentos foram resultado dos nossos instintos desenfreados. Essa foi a forma como aprendemos a relacionar-nos, na tentativa de sobrevivermos a todas as adversidades que sofremos no passado. Agora temos a oportunidade de recuperar de tudo isso. Hoje temos a responsabilidade de mudar. Não deixes que o sentimento de culpa tome conta de ti e te impeça de continuar o processo de investigação.

É importante não esquecer as nossas qualidades. Faz uma lista das tuas características positivas. Esquece o que foi dito no passado. O facto de termos defeitos não significa que somos pessoas más. Nós não somos os nossos defeitos. Ao contrário do que normalmente pensamos, os defeitos não fazem parte de nós e podemos removê-los do nosso carácter. No Quarto Passo estamos a "limpar a nossa casa" para deixar vir à tona toda a nossa essência positiva.

O Quarto Passo pode ser feito periodicamente ao longo das várias fases do processo de recuperação. Também podemos utilizá-lo em assuntos específicos, como por exemplo, o trabalho, um relacionamento específico, etc. Será interessante e engraçado guardá-lo num lugar seguro e compará-lo quando o fizer novamente.

Uma pessoa que já tenha feito o Quarto Passo ou a tua madrinha, pode orientar-te e ajudar-te a criares o teu próprio questionário conforme as tuas características e o teu processo de recuperação.

Perguntas do Quarto Passo:

1. Quais são as características da minha família? Como me relacionava com as pessoas, que tipo de relação mantinhas com elas?

2. Os meus familiares eram carinhosos e compreensivos comigo? Davam-me amor incondicionalmente?

3. Que "segredos" ou aparências a minha família mantinha para esconder dos outros que o nosso lar não era tão saudável como parecia ser?

4. Sentia-me amparada quando necessitava de ajuda?

5. Durante a infância, o que achava que a minha família pensava de mim? E na adolescência? E em adulta?

6. Como chamo a atenção das pessoas (introversão, indiferença, bondade extrema, etc.) para que saibam que me sinto mal e que preciso de ajuda?

7. Que tipo de jogos mantinha ou mantenho nos relacionamentos para fazer com que as pessoas atendam às minhas necessidades? Fazia de vítima, acusava os outros, abandonava temporariamente o relacionamento para que o meu parceiro sentisse a minha falta? Comprava-lhe presentes para o agradar?

8. O que sentia quando o comportamento do meu parceiro fugia do meu controle? Sentia raiva, ciúmes, inveja, medo, sentia-me irada ou abandonada? Esses sentimentos têm relação com sentimentos que conheci na infância?

9. Que medos tenho hoje em dia?

10. Como é que a doença afectou as diversas áreas da minha vida?

11. Porque mantenho, ou mantinha, o relacionamento, mesmo sabendo que ele é destrutivo? Que justificações uso ou usava para não sair desse relacionamento?

12. Sinto dificuldade em ficar sozinha? Que sentimentos e preconceitos tenho quando estou sem um relacionamento?

13. Acredito ter prejudicado outras pessoas em função de manter essas relações doentias?

14. Quais são as qualidades que tenho, mas que me são difíceis de admitir?

15. O que mais gosto em mim?

16. O que desejo alcançar hoje na recuperação?

Comentários

  1. A D O R E I !!!! Quarto Passo!!!
    Agora linda tem que responder em post, nossa ta ficando caprichado.

    To emocionada!!!

    VC ESTA ME SURPREENDENDO!!!!!!!!!!!!
    A metamorfose ja começou!!!!!

    ,¡|i¹i|¡, .
    ¹i|¡,¡|i¹. linda, meu orgulho!!!!!!!!!
    DUDA ESTE FOI UM PASSO QUE TE COLOCA DEFINITIVAMENTE NA RECUPERAÇÃO.

    \o/\o/\o/\o/\o/ jÁ SABE NÉ!!!!!!!!

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  2. Descobri recentemente que sou MADA, estou lutando com o medo e a vergonha de ir ao grupo.
    Me sinto impotente perante a força da dependencia dentro de mim, é exatamente como alcool e drogas, por isso somos anonimas.
    Fico feliz em ver em ponto vc esta, isso inspita muito a quem esta no inicio de tudo, lutando com o medo, a dor e o ódio e não sabendo viver nada que seja o relacionamento doentio que possui. Eu não tenho vida própria. E quando ele maldosamente me despreza, fico vazia.

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  3. Minha linda estou preocupada !!!!
    Como estamos indo de quarto passo, vamos linda me de noticias!!!
    ,¡|i¹i|¡, .
    ¹i|¡,¡|i¹. linda Duda!!!

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  4. Desculpa, Milla. Mas estava sem vontade de escrever... comecando um novo post.

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